Alguns dias eu acordo desejando voltar
uns 15 anos no tempo e ser criança de novo. Aquele tempo em que você acordava
sem despertador e sua única preocupação no dia era se teria sobremesa no
almoço.
Às vezes enche bem o saco ser adulto, ter horário pra acordar, pra
trabalhar, ter um monte de responsabilidades, levar o carro pra lavar e fazer o
Controlar, comprar comida pro cachorro, lembrar de marcar o dentista, pagar a
conta do celular a tempo antes que eles bloqueiem a sua linha DE NOVO, lembrar
de comprar o presente de aniversário da sua mãe e não esquecer da lembrancinha
do dia dos pais.
Uffa…é tanta coisa que falta tempo pra a gente poder ir pro
parque brincar de andar de skate com a cabeça limpa. Fica cada vez mais difícil
deitar a cabeça no travesseiro e a única lista de coisas que passa na sua mente
ser “não se esquecer de lembrar a mamãe de comprar minha Barbie nova”. E quando
seu único problema amoroso era se o seu namoradinho ia pegar na sua mão no dia
seguinte?
Quando foi que as coisas ficaram complicadas? Quando foi que surgiu o
sexo pra deixar as coisas mais confusas (às vezes) e a lista de pendências do
dia com mais de 20 “To Do’s”? Quando foi que as tardes alegres de brigar com a
minha prima porque ela comeu a minha batata-frita foi substituída por
discussões sobre prazos, viabilidades e valores de orçamento? E quem foi que
estipulou que quando você vira adulto, você não pode mais ser criança? E não
pode mais fazer nada errado ou ter preguiça de levantar da cama? Quem falou que
só porque você tem 24 anos, que você não pode começar a aprender a andar de
bicicleta, levar um monte de tombo e sair por aí orgulhoso mostrando suas
‘novas cicatrizes’ como se você fosse o mais radical dos seres humanos?
Às
vezes, virar gente grande cansa e tudo que você quer é chegar em casa e ganhar
colo, cafuné, comida na cama, assistir desenho na TV e poder dormir até acordar
sozinha.
Sou a favor de pessoas meio adultas e meio crianças. Pessoas que sabem
ser serias quando é preciso e soltar seu lado desajeitado quando não é exigida
muita seriedade. É importante ter esse equilíbrio na vida para não nos
tornarmos uma pessoa chata, massante e…tão adulta!
Vamos separar um dia do
final de semana pra ir tomar sorvete no parque sem se preocupar em derrubar na
roupa nova? E sair de allstar por aí, fazer piquenique no parque e conversar
sobre coisas efêmeras sem ser julgado. Cantar sua música preferida passeando
rua sem ter vergonha e dançar, mesmo sendo desajeitado, sem medo do que vão
pensar.
Eu sofro da síndrome de Peter Pan constantemente. E que atire a
primeira pedra quem nunca passou por isso…
_________________________________________________________________________
Texto original: Juliana Mingione – Síndrome de Peter Pan
A Ju é – em suas próprias palavras – uma publicitária inconstante movida a paixão, preguiça e vontade de conhecer o mundo. E é também uma das melhores escritoras que eu conheço. Sim, conheço, pois ela por acaso é irmã de uma super amiga minha. Seu blog, Vai ficar assim, então, conta um pouco de tudo: suas descobertas, sonhos e devaneios.
Nenhum comentário :
Postar um comentário